Coluna Meio Ambiente Por; Erick Xavier

segunda-feira, 2 de julho de 20120 comentários


Deus Pai e a Mãe Natureza

O homem primitivo vivia em meio à Natureza, participando e sofrendo as adversidades de suas intempéries. Fácil é de se concluir que seus sentimentos e pensamentos estavam diretamente relacionados com seus fenômenos: chuva, raios, neve, secas, inundações, frio, calor. Destes fatores dependia sua sobrevivência, quer fosse das plantações como das criações.

Paulatinamente, percebeu quão importante seria poder conhecer os augustos mistérios da Natureza e ao fazê-lo poderia melhor aproveitar de seus benefícios em seu favor e assim evitar suas adversidades. Com o tempo surgiram sentimentos de grande respeito e adoração aos “Espíritos” que a comandavam, assim como com os elementos que influenciavam sua vida. Com este respeito e adoração, vieram também indagações e consequentemente observações dos fenômenos da Natureza.

Desde que o selvagem compreendeu que não podia existir por si mesmo, que alguém deveria ter criado a majestosa natureza que o cerca, o homem foi levado instintivamente a este criador incriado como ente supremo e grande arquiteto dos mundos. Portanto, a crença em um Ente Supremo está atrelada a aceitação da criação do Planeta Terra e da natureza. A Bíblia não trata explicitamente da preservação ambiental porque, obviamente, este tema não era percebido na época em que os textos foram escritos. Mas, através do livro da lei, Deus nos chama a ter as atitudes justas para cuidarmos bem da vida.

A Bíblia inicia mostrando a vitória de Deus colocando ordem sobre o caos, organizando o cosmos e revelando-se como doador da vida. No primeiro texto da narração da criação, o Deus criador vai gerando a vida dando à terra o poder de gerar frutos, árvores, sementes, ervas e verduras. Criou por meio de suas palavras todas as realidades, formando uma grande fraternidade cósmica, na qual se integraram os animais selvagens, domésticos e pequenos do chão segundo suas espécies assim como o próprio ser humano.

Infelizmente, na interpretação houve quem entendesse que o ser humano era dono absoluto do planeta porque o texto diz: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a! Dominai sobre os peixes do mar, as aves de céu e todos os animais que se movem pelo chão”. Porém, a palavra dominar vem do latim dominus, que significa “senhor”. Dominar significa exercer o senhorio sobre os demais, e este exercício do senhorio deveria ser feito a partir do modelo de “Senhor” que é o próprio Criador.

A narrativa da criação nos mostra como Deus exerce o senhorio em relação à natureza: ele a cria, ordena o seu crescimento e a sua evolução a fim de que ela possa trilhar um caminho de perfeição, garante a sua continuidade, cuida dela e a abençoa. Igualmente, o senhorio por parte do ser humano deve significar respeito à ação criativa divina, contribuir com o crescimento e a evolução da natureza em todas as suas formas, cuidado com o meio ambiente e de comunhão com a natureza e, a partir dela, harmonia interior, comunhão com as outras pessoas e principalmente estreitando os laços com o próprio Criador. Enquanto seres naturais nos encontramos unidos em um equilíbrio dinâmico, o que não nos concede o direito de se utilizar da natureza segundo nossas paixões e nossas vontades de modo a causar destruição e colocá-la em perigo. Desrespeitar este equilíbrio é se afastar do Criador.

Ser um homem de bons costumes deveria significar levar uma vida sustentável, adquirindo hábitos de consumo consciente, evitando as futilidades, o materialismo e o desperdício, seja para diminuir a pressão sobre os recursos naturais ou para minimizar os impactos causados pela emissão de resíduos e poluentes. É necessário ter uma atitude de respeito com aqueles que nada têm. Devemos gozar os prazeres da vida com moderação, não fazendo ostentação do bem que fruímos e sem ofender o desafortunado. Devemos buscar ser um pouco de São Francisco de Assis, um santo que teve vida austera e de profunda sensibilidade em relação aos elementos e seres criados, considerando-os todos como “irmãos” desta grande fraternidade cósmica.

A proteção ambiental é parte de um estilo de vida moderna do homem de bons costumes. É hora de firmar um compromisso para que a rede universal da Fraternidade aja com responsabilidade em cada indivíduo e continue a aumentar sustentavelmente.


Erick Caldas Xavier

Secretário Executivo do CORIPA, Secretário de Meio Ambiente e Turismo de S. J. do Patrocínio, Conselheiro do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e Vice-presidente do Conselho Regional de Biologia do Paraná




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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

Tratar sobre meio ambiente e sustentabilidade na escola deve ir muito além de ensinar as crianças sobre economizar água, sobre os animais e sobre a importância das florestas. Primeiramente é um grande erro afirmar que o futuro do Planeta Terra e do nosso meio ambiente, sadio e equilibrado, depende das crianças, pois serão elas que aprenderão a fazer certo no futuro tudo aquilo que fizemos de errado no passado e que continuamos a fazer no presente. Isso é comodismo por cada um de nós não se esforçar um pouquinho só em mudar pequenos hábitos, covardia por colocar nas costas de nossos filhos o dever de arrumar o que destruímos e finalmente, burrice, pois se não mudarmos agora não haverá futuro para criança nenhuma consertar.
A escola é o espaço onde jovens humanos irão aprender os primeiros conceitos sobre o mundo em que vivem e onde irão atuar como cidadãos plenos. Porém, que mundo as crianças e adolescentes de hoje irão se deparar em um futuro próximo?

Inevitavelmente uma mudança deverá ocorrer para que nós, 7 bilhões de Homo sapiens juntamente com os novos milhões que estão por vir, possamos viver de forma confortável, com saúde, bem estar e felizes. Obviamente a nossa qualidade de vida e felicidade está atrelada invariavelmente à saúde da Terra, então obviamente deveremos repensar nossos meios de produção de forma que garantam alimento suficiente para todos sem esgotar os recursos naturais, a forma de transporte que não polua e que não abarrote as cidades, fontes de energias renováveis limpas, de baixo impacto e baratas, produção industrial socialmente responsável, um comércio justo, um padrão de consumo sustentável e uma economia que tenha como meta um crescimento qualitativo e não quantitativo.

Todos esses setores estão à beira de uma crise, pois se mostraram tão insustentáveis e inviáveis que agora se encontram diante de uma necessária mudança. A mesma crise não passa longe das salas de aula. Professores possuem a sensação desesperadora de perda da autoridade e respeito. Alunos – já nascidos na era da informação rápida, fácil e superficial oferecida pela internet – pouco encontram de interessante no quadro negro com suas longas horas de conteúdo em giz-de-cera, atados em suas cadeiras. Finalmente, temos alguns pais que, seja pela dura rotina de trabalho, em que marido e mulher precisam trabalhar, ou seja pelo simples comodismo, esqueceram que “educação começa em casa” e deixaram o caráter e a disciplina de suas crianças ao vento e sob os cuidados dos professores que nunca tiveram a obrigação de “educar” os filhos dos outros, mas sim de “ensinar”. O elo professor-pai-aluno se rompeu e urgentemente precisa ser restaurado.

Se tudo deverá ser repensado para que tenhamos uma sociedade sustentável e renovada, então a escola e o método de ensino que temos hoje também deverão ser repensados e renovados. Tanto escolas públicas, quanto particulares, precisarão rever que tipo cidadão estarão formando. Brilhantes cientistas, grandes líderes e admiráveis artistas, um dia foram crianças distraídas, adolescentes encrenqueiros e jovens incompreendidos, alunos que poderiam passar despercebidos por mim e por você, mas que mudaram o curso da história.

Em uma classe, por mais difícil que ela seja, enquanto houver um aluno com potencial de fazer a diferença, ainda valerá a pena para um professor acordar cedo e cumprir a sua jornada. Em uma escola, enquanto houver um professor esperançoso e motivado, que acredite em sua missão de formar pessoas que poderão mudar o mundo, ainda valerá a pena acreditar em um futuro mais sustentável.


Erick Caldas Xavier
Secretário Executivo do CORIPA, Secretário de Meio Ambiente e Turismo de S. J. do Patrocínio, Conselheiro do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e Vice-presidente do Conselho Regional de Biologia do Paraná
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