NÃO MATARÁS

segunda-feira, 5 de novembro de 20120 comentários

NÃO MATARÁS
Conversando com meu amigo André, o mesmo daquela conversa que resultou no artigo chamado “Cidades Pequenas e Sócio-sustentáveis” (23-11-2011),primeiro desta série ininterrupta quinzenal, surpreendeu-me ele, em sua nova vinda para o Paraná, quando recusou o convite, habitualmente feito aqui por estas bandas, de comer uma bela e suculenta picanha, não só de boi mas de porco também. Logo ele, um oceanógrafo e um senhor carnívoro apreciador de churrascos e de cerveja! Minha irmã mais nova, já é adepta do consumo vegetariano há tempos, portanto sou acostumado a conviver com estes seres humanos ditos vegetarianos. Ditos “vegetarianos”, pois é da condição natural do Homo sapiens a onivoria, que nada mais é do o hábito alimentar daquelas espécies animais que se alimentam de tudo: plantas, fungos e até animais vivos e ou em processo de putrefação. Sim! Se você, assim como eu, ainda não consegue recusar uma dieta, em que a carne ainda esteja incluída. Certamente você tem apenas duas opções: A primeira é comer um animal vivo, como fazem algumas pessoas, principalmente na Ásia, que possuem em seu cardápio exótico lagostas que são comidas enquanto mechem os seus olhinhos saltados para fora, ou peixes que são cortados e fritos rapidamente, para que possam ser servidos enquanto ainda respiram. A segunda opção é como a grande maioria de nós está habituada a fazer, matando o animal e comer a sua carne em processo de putrefação, apodrecimento ou decomposição como você achar mais apetitoso. E sim, novamente! No momento em que o animal morre tem início imediato o processo natural de decomposição que pode ser desacelerado pelo resfriamento, pelo salgamento ou outras formas de conservação. Mas como regra geral, carne no açougue, na bandeja ou no freezer é carne em putrefação. Pois bem, somos comedores de carne em decomposição desde os primórdios dos tempos! Se assim não o fosse, hoje eu não estaria escrevendo este texto e nem você estaria lendo este artigo. Graças à uma dieta riquíssima em proteínas oriunda de carne, nosso cérebro pôde se desenvolver ao ponto que chegamos. O que nos separou das hienas e dos urubus, foi que aprendemos a conservar a carne por mais tempo, e depois prepará-las com o uso do fogo, diminuindo os riscos de contaminação ao ingerir carne em estágio avançado de apodrecimento. Portanto, aprendemos a comer carne menos apodrecida. Se analisarmos os nossos dentes veremos que somos adaptados ao mais variado tipo de alimento. Então por qual motivo deveríamos escolher não comer carne sendo esta uma condição natural de nossa espécie? A resposta está na pergunta: porque podemos escolher! Não comer outros animais é simplesmente uma escolha individual de cada um. Uma escolha nobre de não aceitar mais matar um ser que sente dor, sofrimento, alegria e tristeza, pelo simples fato de atender um fútil prazer gastronômico. É uma escolha que em nossos primórdios evolutivos seria impossível e que até a pouco tempo atrás seria inviável. Hoje, existem inúmeras opções de dieta com base protéica que não seja de origem animal. Hoje, o homem, se quiser, pode escolher mudar a sua dieta, pois possui tecnologia e ciência que o permite fazer essa mudança. Veja que ser vegetariano implica numa linha de raciocínio delicado, pois se matar para comer passa a ser moralmente errado, dado o direito de vida dos animais, portanto comprar sapatos de couro, entre outras coisas, seria mais imoral ainda. Existe uma linha mais avançada que se chama “Vegan”, onde seus adeptos tomaram para si o pensamento de que nenhum animal precisa mais servir ao homem. A ideia de não obrigar mais os animais a servirem o homem é tão absurda, como há poucos séculos também era absurdo dizer que o homem não poderia mais usar outro ser humano como seu escravo. O fato é que, independente da sua escolha alimentar, na medida que a população mundial avança para o numero previsível de 9,1 bilhões de pessoas o apetite por carne e laticínios é insustentável. Segundo o relatório da ONU “Avaliação dos Impactos Ambientais do Consumo e Produção”, o consumo reduzido de produtos de origem animal é necessário para salvar o mundo, pois os rebanhos consomem boa parte da água potável e das colheitas que poderiam alimentar as pessoas. Mais do que uma questão moral, perder o hábito de comer carne é uma questão de sustentabilidade, de segurança alimentar e de combate à miséria. Erick Caldas Xavier Biólogo, Secretário Executivo do CORIPA, Secretário de Meio Ambiente e Turismo de S. J. do Patrocínio, Conselheiro do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e Vice-presidente do CRBio 07.
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